Como transferir playlists entre Spotify, Apple Music, Deezer e TidalSpotify chega a 400 milhões de usuários, mas previsões assustam investidores
Joe Rogan é pouco conhecido no Brasil, mas, nos Estados Unidos, o seu podcast é bastante ouvido. Estima-se que cada episódio de seu programa alcance, em média, 11 milhões de ouvintes. Tamanha popularidade fez o Spotify fechar um acordo para ter exclusividade na distribuição do podcast de Rogan — nenhum dos lados confirma, mas fontes próximas à empresa afirmam que o Spotify pagou cerca de US$ 100 milhões a Rogan por isso. Rogan acumula popularidade, mas também críticas. Ele já foi acusado, por exemplo, de ser machista em determinados episódios do seu podcast. Mas nenhum programa teve tanta repercussão negativa quanto o que recebeu Robert Malone, um cientista que tem postura negacionista sobre a COVID-19. No episódio em questão, Malone fez várias afirmações infundadas sobre a doença. Desde então, o Spotify vem sendo pressionado a tomar providências a respeito. Em resposta, Daniel Ek, CEO da companhia, publicou uma carta prometendo algumas mudanças, mas como o episódio problemático permanece disponível na plataforma, os protestos continuam ganhando força: artistas como Neil Young, Joni Mitchell e Graham Nash removeram suas músicas da plataforma e há um movimento de usuários migrando do Spotify para outros serviços de streaming de áudio.
Spotify exclui episódios de Rogan, mas por outra razão
Até o momento, a perda de usuários parece não ter chegado a um patamar significante. Mas isso não quer dizer que a situação é tranquila para o Spotify, até porque as reações contra Joe Rogan se intensificaram. Uma delas consiste em um vídeo que compila vários momentos em que o apresentador e seus convidados usaram linguagem racista nos episódios. Rogan teve que se manifestar. Via Instagram, ele declarou que o vídeo foi tirado de contexto e teve como base 12 anos de conversas. Apesar disso, ele reconheceu a gravidade do problema e pediu desculpas pela “mais lamentável e vergonhosa coisa que já falei publicamente”. Quase que ao mesmo tempo, dezenas de episódios do podcast de Rogan foram removidos do Spotify, em comum acordo entre ambas as partes. Um deles é um episódio em que o podcaster comenta sobre um filme ambientado em um bairro negro e afirma que é como se eles estivessem no “Planeta dos Macacos”. O número de episódios removidos da plataforma não foi revelado, mas o site JRE Missing (criado especificamente para monitorar as remoções de conteúdo do podcast de Rogan) aponta que foram 113, todos apagados em 4 de fevereiro. Tudo indica que a decisão sobre quais episódios remover coube ao próprio Rogan.
Spotify não vai banir Joe Rogan
Aparentemente, as polêmicas sobre Joe Rogan deixaram funcionários do Spotify preocupados. Em uma carta direciona a eles, mas acessada pelo Wall Street Journal, Daniel Ek se desculpa pelos transtornos, mas deixa claro que, apesar de tudo, não vai banir o podcast da plataforma. Ek reconhece que as falas de Rogan são “incrivelmente dolorosas” e que elas “não representam os valores desta empresa”. Mas, para o executivo, o banimento não é o melhor caminho a ser seguido: Em uma conversa entre Ek e funcionários que aconteceu na semana passada e cujo áudio foi obtido pelo The Verge, o executivo diz que não concorda com muitas das falas de Rogan, mas reforça que, para que o Spotify consiga alcançar as suas metas, precisa ter conteúdo “que muitos de nós não sentiriam orgulho de se envolver”. Devemos ter limites claros com relação ao conteúdo e agir quando esses limites forem cruzados, mas cancelar vozes é uma ladeira escorregadia. Na carta direcionada aos funcionários, Ek revela que a companhia irá gastar US$ 100 milhões em licenciamento, desenvolvimento e marketing de músicas e conteúdos de grupos historicamente marginalizados. É como se ele quisesse mostrar, com esse anúncio, que a plataforma está realmente comprometida sobre ter ampla abertura para conteúdo. Mas, no fim das contas, a impressão que fica no ar é a de que Joe Rogan é valioso demais para o Spotify, sendo essa a única razão para ele não ser banido. Com informações: Wall Street Journal, Ars Technica, The Verge.