Derretimento das geleiras dos Alpes atinge seu recorde em 2022ONU alerta para desaparecimento de geleiras importantes já nas próximas décadas
Todo modelo científico possui incertezas e seus desenvolvedores estão em constante esforço para melhorá-los. No caso de algumas das geleiras da Groenlândia, uma grande fonte de incertezas era a falta de dados que pudessem incorporar uma de suas particularidades: o ângulo que elas formam com o mar. Embora seus criadores tentem calcular o derretimento de geleiras de frente vertical, que encontram o mar em um ângulo menor do que 90º, o modelo elaborado por eles se baseava no derretimento observado em geleiras diferentes. “Até agora, os modelos de derretimento de geleiras se basearam nos resultados da Antártida, onde o sistema é bem diferente,” afirma Kirstin Schulz, uma das autoras do novo estudo.
Como os resultados foram melhorados
A grande dificuldade imposta aos cientistas que trabalham nesta área está na realização de medidas precisas pelo alto risco que as próprias geleiras exercem. Por décadas, o perigo do gelo caindo de seus penhascos impediu que os pesquisadores pudessem obter dados destas formações. Basear-se em dados da Antártida era o melhor que se podia fazer até então. Isso mudou graças a observações feitas na geleira de LeConte, no Alaska. Caiaques equipados com sensores oceanográficos foram controlados remotamente para se aproximar da geleira e obter os dados necessários, mostrando um derretimento 100 vezes mais rápido do que o imaginado. Incorporando estes dados, Schulz e outros especialistas mudaram as equações de seu modelo computacional, conseguindo resultados mais próximos da realidade.
O que esse derretimento significa?
O manto de gelo da Groenlândia é o segundo maior da Terra e cobre 80% de seu território. Caso todo esse gelo derreta, como aconteceu há cerca de 130.000 anos, o nível dos oceanos poderia subir até 6 metros. Esse aumento no nível dos oceanos seria o suficiente para cobrir quase toda a Ilha de São Vicente, na Baixada Santista, em São Paulo, conforme ilustra a simulação abaixo: Fonte: Geophysical Research Letters Via: Phys.org